A Mazda quase que esgotou todo o “catálogo” de ousadia e criatividade ao criar o MX-30. A começar pela estética, um SUV elétrico com um formato diferenciado, com as portas suicidas atrás e, para nós portugueses, a inclusão de cortiça no interior. Até a versão Plug-in é diferente de tudo o que conhecemos: o motor a gasolina utiliza uma tecnologia há muito desaparecida (e que muitos julgavam “morta”…).
Em causa o motor rotativo (também conhecido como Wankel, que, no passado, permitiu, à Mazda vencer as 24 Horas de Le Mans e animar modelos lendários como o RX-7 e RX-8), que funciona neste elétrico como gerador de energia, e logo sem qualquer ligação às rodas (apenas o motor elétrico faz mover as rodas).
Este MX-30 é um elétrico que trocou uma bateria pequena por outra ainda menor, o que baixou a autonomia de 200 km para 85 km. Para compensar, foi instalado um pequeno motor a gasolina que funciona como gerador de energia, destinado somente a recarregar a bateria e assegurar uma autonomia completa que pode superar os 800 km, se conjugarmos a energia da bateria com a da gasolina.
Esta bateria mais pequena continua a recarregar a 11 kW em corrente alternada (AC), o que é melhor do que a concorrência, para depois abastecer de energia a 36 kW em corrente contínua (DC), ligeiramente abaixo dos 50 kW da versão EV.
O gerador, de resto, destina-se a alimentar exclusivamente o motor elétrico montado no eixo dianteiro (não tem qualquer ligação direta às rodas…), que nesta versão debita 170cv (145cv na versão puramente elétrica), algo que permite ao MX-30 R-EV ser mais rápido (9,1 em vez de 9,7 segundos). Já a velocidade máxima mantém-se nos 145 km/h. Algo explicado por uma questão de autonomia.
Quando a bateria fica sem carga, o condutor pode contar com um motor de combustão para a recarregar, alimentado com a gasolina armazenada num depósito de 50 litros.
Como é ao volante?
O MX-30 é um elétrico simpático, por ser bem construído e diferente, com dois lugares mais acanhados atrás a que se acede através de portas suicidas, um conceito pouco utilizado.
Tem a curiosidade de utilizar na consola peças em cortiça produzidas em Portugal, o que confere um ar de distinção ao interior, que apresenta materiais de elevada qualidade e montagem insuspeita. A ausência de ruídos parasitas confirma-o.
O MX-30 na versão PHEV é, de resto, mais rápido no 0 aos 100 km/h do que o MX-30 elétrico (justificado pela maior potência), mas mantém a mesma velocidade máxima de 145 km/h. Algo explicado por uma questão de autonomia.
Tem um peso de 1853 kg, ou seja, mais 133 kg do que o homologo elétrico (1720 kg), mas nada que se torne evidente em cidade ou em estrada, em ritmo de passeio. Conseguimos fazer 87 km antes de ficarmos sem energia na bateria. A 120 km/h, por exemplo, consome 7,2 l/100 km, o que aliado a um depósito de 50 litros, permite percorrer quase 695 quilómetros sem parar.
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Os 170 cv são mais que suficientes para fazer mover as mais de 1,8 toneladas (mais 133 kg do que o homologo puramente elétrico), com o R-EV a usufruir de uma relação peso/potência ligeiramente mais favorável.
E em modo híbrido ou em “charge”?
Esgotada a carga na bateria, entra em ação o gerador (o referido motor Wankel…), com o MX-30 a passar a funcionar em modo híbrido, com o motor rotativo a recarregar a bateria, uma vez que não aciona diretamente as rodas.
Esta unidade de rotor único, com 830 cc, tem três níveis de rotação para gerar energia, sendo que no mais alto é bastante audível, o que só acontece quando se adota uma condução mais desportiva, uma vez que o motor rotativo debita apenas 75 cv que, nestas circunstâncias, terão de se esforçar para suprir as necessidades dos 170 cv do motor elétrico, tornando-se bem mais audível.
Além dos modos EV e Normal (que corresponde ao híbrido), o MX-30 e-Skyactiv R-EV conta ainda com o Charge, modo em que recarrega a bateria para depois poder circular em modo EV. É nestas condições que o regime do motor Wankel aumenta, com consequências diretas no ruído e consumo, com este a subir para mais de 10 litros.
Em conclusão
O MX-30 e-Skyactiv R-EV apresenta-se como uma opção a considerar para quem procura um modelo diferente, com um desenho e personalidade distinta. Os 75 km em modo elétrico podem satisfazer a esmagadora maioria dos condutores, que depois podem socorrer-se do motor rotativo a gasolina para continuar viagem sem limitações.
O maior problema parece ser o preço. Os mais de 40.020 euros são um valor significativo, muito por culpa de impostos (o rotor único com 830 cc obriga-o a suportar impostos como se tivesse 1660cc), mas que acaba por ser competitivo quando comparado com outros modelos Plug-in.
Contudo, o MX-30 e-Skyactiv R-EV está, atualmente, a usufruir de um enorme desconto de 8.250 euros, o que deixa o valor de acesso por 31.770 euros, um valor que o posiciona como o híbrido plug-in mais acessível do mercado.
MAIS
- Conforto e dinâmica
- Autonomia suficiente para a maioria das pessoas
- Sem problemas de carregamento
- Preço com campanha
MENOS
- Habitabilidade e acesso aos lugares traseiros
- Consumos do motor a gasolina
- Ruído do motor a gasolina
Mazda MX-30 e-Skyactiv R-EV AT 2WD
- Motor: elétrico + motor rotativo de 830cc
- Potência: 170 cv
- Binário máximo: 260 Nm
- Tração: tração dianteira
- Transmissão: automática
- Aceleração (0-100 km/h): 9,1 segundos
- Velocidade máxima: 140 km/h
- Consumo de combustível (WLTP Combinado): 1l/100 km / 17,5 kWh/100 km
- Autonomia máxima: 85 km
- Peso: 1853 kg
- Preço da versão base: 40.020 euros (31.770 euros com desconto)
- Preço unidade ensaiada: 46.827 euros (38.577 euros com desconto)