Qualquer novo modelo da Mazda tem sempre algo de diferente e o CX-60 2.5 e-Skyactiv PHEV não foge à regra. Trata-se de um SUV que marca não só a entrada da Mazda num segmento que antes não estava presente, como também representa um passo fundamental na ousada tentativa de se posicionar como marca Premium. Mas não fica por aqui. Mostra também o movimento em direção à eletrificação, sendo o seu primeiro modelo híbrido plug-in. Resumindo, o CX-60 é muito mais que uma declaração de intenções.
Logo ao primeiro olhar, o SUV topo de gama (até à chegada do CX-80 de 7 lugares) é facilmente identificável como um Mazda. A imponência, onde se destaca a enorme grelha dianteira, pode não agradar a todos, mas pelo menos pode gabar-se de que não é apenas um CX-5 maior, que tem personalidade própria.
O acabamento “Homura” dá um toque desportivo com múltiplos detalhes em preto, como as jantes, a grelha frontal em forma de favo de mel, as molduras, os retrovisores, os estofos em couro e até as saídas de escape. Também conta com para-choques específicos, com entradas de ar maiores e os arcos das rodas são pintados na cor da carroçaria.
Sem minimalismos, por favor
No habitáculo rendemo-nos à habitual qualidade geral muito elevada de materiais e acabamentos de que a Mazda tem sido referência até para os seus concorrentes Premium. A este elogio, acrescenta-se vários detalhes de luxo e a “funcionalidade” de soluções ditas convencionais (em lugar do minimalismo que é tendência no mercado), nomeadamente o ecrã central de 12,3 polegadas perfeitamente integrado na parte superior de forma (acessível através de um botão rotativo na consola), ou os botões do ar condicionado.
Por sua vez, o painel de instrumentos digital com ecrã de 12,3 polegadas tem boa resolução, mas as opções de personalização são limitadas, algo que claramente pode ser melhorado.
Um carro que se adapta ao condutor, literalmente
Um dos detalhes mais exclusivos do CX-60 é a incorporação de um sistema de reconhecimento facial, denominado “Driver Personalisation System” da Mazda. Basta entrar, sentar e introduzir a altura do condutor no ecrã central. Depois, o sistema ajusta automaticamente o banco, o volante e até os espelhos laterais para a melhor posição ao volante possível tendo em conta a altura do condutor. É só ficarmos a ver tudo a ajustar-se a nós.
O perfil pode ser alterado ou guardado para que reconheça o condutor e coloque as configurações previamente guardadas, além de aplicar qualquer preferência pessoal de climatização ou estações de rádio, por exemplo. O CX-60 ajusta automaticamente até 250 preferências do condutor, da posição de condução à climatização.
Atrás, a segunda fila é espaçosa, embora não seja excecional em termos de espaço para as pernas para passageiros com altura superior a 1,80 m, quando se considera o seu tamanho exterior. Existem tomadas USB, uma opcional de 150 W e saídas de ar, embora não tenham zona de climatização própria para ajustar a temperatura específica dos bancos traseiros.
Por outro lado, a bagageira não é prejudicada pela solução híbrida e oferece uma enorme capacidade de 570 litros, superior a muitos concorrentes PHEV. As formas são muito regulares e utilizáveis e no interior pode ser instalada uma ficha de 1.500 W. Com o rebatimento dos bancos da segunda fila, a capacidade aumenta para os 1.726 litros.
O Mazda mais potente de sempre
O SUV de referência da Mazda não pretende apenas destacar-se em termos de tamanho, mas também em termos de opções mecânicas. A gama é composta por duas opções que impressionam, uma a gasolina e outra a gasóleo, este ultimo um seis cilindros de 3,3 litros.
O ensaio incidiu na versão no CX-60 2.5 e-Skyactiv PHEV, o primeiro híbrido plug-in da Mazda. Mas a marca nipónica tem sempre a sua própria forma de fazer as coisas e, onde outras recorrem a pequenos motores turbo, a Mazda preferiu utilizar um motor a gasolina de 2,5 litros atmosférico de 191 cv.
Este motor de combustão é complementado por um potente motor elétrico de 129 kW (175 cv) e uma bateria de iões de lítio com capacidade de 17,8 kWh. A potência combinada ascende a 327 cv, tornando o CX-60 PHEV o Mazda de produção mais potente de sempre. O binário máximo chega aos 500 Nm, transmitido ao asfalto através do sistema de tração integral i-Activ AWD com caixa automática de 8 velocidades.
Conforto de condução
Naturalmente, toda esta “cavalagem” oferece um desempenho capaz de impressionar, tornando este SUV capaz de acelerar de 0 aos 100 km/h em apenas 5,8 segundos. Não é tão ágil como um CX-5, mas tem o toque “dinâmico” que todos reconhecem dos modelos Mazda – dentro do que se pode esperar de um SUV híbrido grande e pesado. A transmissão automática de oito velocidades valoriza a suavidade de condução, apreciando-se assim de uma das vantagens da mobilidade elétrica, o silêncio.
A condução de qualquer híbrido Plug-In não tem segredos, mas o nível de eficiência depende, naturalmente, da forma como a fazemos: acelerando-se, esgota-se depressa a energia armazenada na bateria e percorrem-se (muito) menos quilómetros de forma elétrica. No CX-60 PHEV, a Mazda reivindica 63 km de ação sem intervenção do motor a gasolina. Conseguimos fazer o mesmo número de quilómetros. Depois, até cumprirmos os 100 km do percurso da prova de consumo, registámos média de 5,7 litros aos cem.
Na impossibilidade de ligar à corrente sempre que o carro esteja parado, esgotada a bateria conte-se com valores na ordem dos 7 l/100 km. O carregador de bordo (OBC) carrega a 7,2 kW, permitindo um carregamento completo da bateria em cerca de duas horas.
Existem cinco modos de condução (Normal, Sport, Off-Road, Towing (reboque) e EV), que selecionamos num comando próprio (na consola central) e influenciam o desempenho do automóvel, nomeadamente ao nível do sistema híbrido e onde é possível forçar a bateria elétrica a ser recarregada pelo próprio motor de combustão, uma solução muito pouco eficiente, mas que pode ser útil no caso de precisarmos de utilizar autonomia a qualquer momento.
No modo Normal, o sistema encarrega-se automaticamente de escolher a fonte de alimentação mais adequada, combinando a utilização do motor a gasolina com a do motor elétrico. Este é o modo mais adequado para viagens longas, pois neste caso o sistema faz a gestão automática da carga da bateria durante a viagem para o menor consumo.
Este modo também é aquele que é selecionado automaticamente quando a bateria se encontra totalmente descarregada. Quando a bateria está “vazia”, logo sem qualquer apoio elétrico, é quando o consumo é mais elevado, rondando os 6,5 l/100 km. É um valor bastante razoável tendo em conta que estamos a falar de um SUV com mais de 300cv de potência.
Em conclusão…
Por pouco mais de 60 mil euros acede-se à estreia da Mazda nos Plug-in. Não é um preço exagerado, considerando a mais-valia da tecnologia de motorização, que permite economizar no quotidiano, logo se faça uma gestão criteriosa do sistema híbrido, capaz de garantir mais de 60 km de circulação exclusivamente elétrica.
Além do fator poupança, o CX-60 Plug-in proporciona ainda performances elevadas, conferindo agrado e até algum divertimento à condução de um SUV com forte presença na estrada.
O nível de equipamento Homura, da versão ensaiada, é o mais desportivo dos quatro acabamentos disponíveis (Takumi, Exclusive Line e Prime-Line), e caracteriza-se pela dotação sem falhas, quer em matéria de equipamentos de conforto, quer nos dispositivos de segurança, a que acrescenta pormenores como a ventilação dos bancos dianteiros, sistema de som BOSE com 12 colunas, portão traseiro elétrico e o teto de abrir panorâmico.
O mais:
- Interior cuidado
- Bagageira
- Conforto
O menos:
- Painel de instrumentos pouco configuravel
- Passagem do motor elétrico para o a gasolina algo brusco
- Suspensão traseira
Mazda CX-60 2.5 e-Skyactiv PHEV Homura
Motor: 4 cilindros em linha
Cilindrada (cm3): 2488
Potência: 327cv
Binário máximo (Nm): 500
Tração: Integral
Caixa: automática de oito velocidades
Aceleração (0-100 km/h): 5,8 segundos
Velocidade máxima: 200 km/h
Consumo misto (anunciado): 1,5 l/100 km (primeiros 100 km com bateria carregada)
Consumo de eletricidade (WLTP Combinado): 17.1 Wh/km
Consumo de combustível (WLTP Combinado): 7.9 l/100 km
Emissões de CO2: 33 g/km (WLTP)
Peso: 1981 kg
Preço da versão base: 57.180 euros
Preço unidade ensaiada: 67.080 euros
Deixe um comentário