Adamastor Furia supera teste no Autódromo do Algarve

Superdesportivo português terá uma produção limitada a 60 unidades

Superdesportivo português terá uma produção limitada a 60 unidades

O Autódromo Internacional do Algarve recebeu, no final do mês de novembro, os testes de pista do superdesportivo português, o Adamastor Furia. Foi um dia especial para a dezena e meia de técnicos da estrutura da Adamastor que se fizeram à estrada.

Liderada por Frederico Ribeiro, engenheiro responsável pelo projeto Furia, a equipa não se poupou a esforços, suportando-se de um ambicioso run plan que não se limitava a acumular quilómetros no traçado de Portimão. Era, de facto, importante rodar em pista, mas havia também que aumentar a carga progressivamente e tirar ilações relativamente à potencial performance do Furia.

Na realidade, neste tipo de sessões de trabalho, o tempo em pista é, muitas vezes, interrompido por longos períodos nas boxes, a olhar para monitores de computador e a avaliar dados de telemetria. Mas se houve, de facto, muito tempo dessa análise teórica, foram as cerca de três horas de prática que colocaram um natural sorriso no rosto de cada elemento da equipa, tal a forma como o FURIA foi evoluindo no exigente traçado algarvio.

Claramente satisfeito com este longo dia de trabalho estava Diogo Matos, ele que, para além do trabalho em pista, teve responsabilidade no processo de construção do Furia, na unidade de produção da Adamastor, sublinhando: “Foi uma evolução constante. Começámos de forma mais ‘soft’ e fomos incrementando o ritmo. Comecei por sentir a dinâmica do carro e logo aí deu para assimilar um pouco da performance que vai permitir atingir. É óbvio que ainda estamos muito longe dos limites da máquina. Estes são os primeiros passos, mas são já muito boas as primeiras impressões”.

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As sensações que Diogo Matos ia recolhendo em pista eram passadas, de forma imediata, em live chat, para Frederico Ribeiro, engenheiro portuense que, a partir das boxes, viveu intensamente cada metro que o Furia completava em pista. Foi sobre si que recaiu a responsabilidade de preparar este teste, pelo que são justos os louros que lhe são atribuídos pelo seu sucesso.

Apesar dessa responsabilidade, “não estava muito receoso! Tinha a certeza, como se provou hoje, de que estava tudo preparado e que poderíamos realizar em pleno este ensaio. Nos outros testes que fizemos fomos identificando algumas coisas que estavam menos bem, corrigindo-as. Assim, chegámos aqui a saber que estava tudo pronto para fazer o ‘run plan’ que havíamos delineado e que tinha duas fases distintas: de manhã, muito focado no desenvolvimento e na calibração; de tarde, a explorar um bocadinho a performance do carro e começar a fazer alguns quilómetros, para também comprovar a validade dos componentes, nomeadamente em termos de fiabilidade.”

Frederico Ribeiro bem podia tratar o Furia como seu filho. O ADN deste super-desportivo é o de um veículo de alta performance, muito à imagem da grande paixão do seu criador: “Sim, acho que é um verdadeiro carro de corrida, de performances elevadas. Rodar a baixo ritmo não parece ser o seu ‘habitat’. A verdade é que fomos aumentando o ritmo e a resposta não tardou. Outra coisa interessante é a estabilidade que se observa do lado de fora. Nada o perturba. Não há um ‘bump’, ou solavanco estranho, o que é muto agradável. Todavia, ainda temos muito trabalho pela frente. Temos que fazer mais quilómetros, avaliar a fadiga dos componentes e explorar os limites, nomeadamente do motor, da suspensão, da travagem, torção, etc…”

Tudo controlado por… computador

Para os mais envolvidos na construção de automóveis super-desportivos nada disto é estranho. Aliás, o normal é mesmo termos diversos técnicos a mexer no carro, mas recorrendo quase exclusivamente a um computador. Em Portimão a equipa fez-se acompanhar por um dos responsáveis da IGV Racing, empresa parceira da Adamastor, a quem cabe a responsabilidade de desenvolver e afinar todos os sistemas eletrónicos geridos pela centralina, bem como dos diversos módulos de comando do Furia.

No AIA, a IGV fez-se representar por Eliseu Ribeiro, que entre muitos outros trabalhos de relevo na área, ostenta dois anos de atividade na prestigiada M-Sport, responsável, entre outras, pela participação dos Ford Puma Rally1 no Campeonato do Mundo de Ralis.

Há muito operando toda a eletrónica do Furia, também Eliseu Ribeiro se mostra muito entusiasmado com esta nova página no seu processo de desenvolvimento: “Começámos agora a ensaiar situações reais e esta é a fase mais empolgante, em que conseguimos ter uma melhor ideia de como é que o carro se vai comportar e o que é que é preciso modificar para atingirmos um conceito final.”

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Entrando em algum detalhe relativamente ao motor da Ford Performance que equipa o super-desportivo português, aquele responsável esclarece “tratar-se de uma configuração especial deste V6, com injeção direta e injetores de alta e de baixa pressão. Temos dois tipos de injetores com quatro campos de variáveis, dispostos em duas bancadas. Na realidade, é um motor bastante complexo, em que tudo é controlável. A centralina que é utilizada permite-nos avaliar o mais ínfimo dos pormenores. Do meu ponto de vista, acaba por ser mais interessante, pelo desafio que representa. É preciso ter em conta que não basta acrescentar potência para termos resposta debaixo do pé direito. É preciso considerar uma vasta lista de items que, no seu conjunto, nos irão levar aos objetivos pretendidos. Preocupa-nos ter o Furia apto para depois podermos testá-lo com maiores níveis de performance e pensar em tudo o que isso envolve.”

Findo este primeiro teste dinâmico no Circuito de Portimão, a Adamastor vai agora avaliar os resultados recolhidos, implementar as alterações necessárias, para que possam, assim e desde já, começar a trabalhar num próximo regresso a um circuito.