O Toyota C-HR é um dos modelos que mais se destaca na paisagem dos SUV compactos. O irmão mais pequeno do RAV4 destac-se facilmente no trânsito, evidente no virar de cabeças e na enorme curiosidade que desperta.
E a verdade é que não é fácil ficar indiferente ao impacto visual causado por este “Coupé-High Rider” (a origem de C-HR). Seja pelos proeminentes guarda-lamas, pela altura ao solo superior ao normal, pela esguia grelha que se prolonga do emblema até às extremidades dos grupos ópticos, pelo defletor traseiro ou pelos farolins traseiros por LED de formato deveras caraterístico. Ou, sobretudo, pela forma como todos estes elementos se combinam.
A atenção ao pormenor é evidente nos puxadores das portas traseiras “camuflados”, em posição elevada. O que pode colocar alguns problemas no acesso a crianças, por exemplo.
O mesmo grau de ousadia estilística, especialmente para um Toyota, pode ser encontrada no interior. Por ter o ecrã tátil de 8 polegadas do sistema de infoentretenimento montado em posição destacada, o tablier parece ser constituído por várias camadas e está num plano mais baixo do que o habitual, o que contribui decisivamente para uma boa visibilidade para a frente.
A maioria dos materiais utilizados são de boa qualidade e agradáveis ao toque, os acabamentos rigorosos (como é da tradição na marca) e não faltam mesmo alguns pormenores que evocam o formato de diamante transversal a toda a linguagem estética do C-HR: diversos botões de comando e até o revestimento do tejadilho e dos painéis interiores das portas.
O acesso aos lugares dianteiros não é o melhor, nem o espaço em altura aí disponível, fruto da reduzida altura do tejadilho, essencial para garantir a tal silhueta de coupé. Ao passo que a massiva traseira acaba por ter como consequência uma visibilidade para trás apenas sofrível. A bagageira tem 377 litros, algo próximo daquilo que oferecem alguns dos seus rivais.
É verdade que o C-HR é diferente de todos os outros modelos da Toyota, mas também tem muito em comum. Partilha a mesma plataforma do Prius, embora mais curta. Alterações que se devem ao facto de o chassis ter sido desenvolvido a pensar nos gostos e no estilo de condução dos europeus, pelo que também recebeu uma suspensão dianteira MacPherson especialmente desenvolvida para o CH-R, ao passo que o eixo multilink traseiro foi afinado de modo a cumprir o mesmo objectivo: que o comportamento seja entusiasmante.
E, aqui, há que reconhecer o bom trabalho feito pela Toyota. Capaz de oferecer sempre um apreciável conforto de rolamento, o C-HR tem um centro de gravidade baixo, o que se reflete em curva, com um bom controlo dos movimentos da carroçaria em curva. A ajudar a isso está a direção direta e precisa, mas também a robustez que evidencia.
Em Portugal, o C-HR está disponível com duas motorizações, um 1.2 Turbo a gasolina e o híbrido, que representa algo como 90 por cento das vendas. Foi precisamente esta que ensaiamos. A mecânica é a mesma do Prius e combina um motor 1.8 a gasolina de ciclo Atkinson com distribuição variável VVT-i, anunciado como o recordista mundial em termos de eficiência térmica, capaz de oferecer 122cv. E é aqui que a emoção prometida pelo C-HR começa a dar lugar à razão.
A eficiência e a suavidade de utilização é o seu forte, especialmente em cidade, onde se sente como peixe na água, sem que a sua utilização se restrinja ao ambiente urbano. Muito pelo contrário. É suficientemente solícito e permite andamentos vivos com enorme facilidade.
A grande qualidade desta solução mecânica é constatada pelos consumos registados, com uma média de apenas 3,9 litros aos cem “apontada” pelo computador de bordo após cerca de 200 quilómetros percorridos. Podia ser menos, não fosse algumas dezenas de quilómetros de autoestrada, onde os híbridos não se sentem tão à vontade.
Para esta média contribui, decisivamente, a caixa automática de variação contínua, agora mais “amiga” do condutor, quando comparada com os anteriores modelos híbridos da Toyota. Não deixa de ter o típico ruído esforçado do motor, que em acelerações mais intensas tende a rodar em permanência no seu regime máximo de funcionamento, mas agora está mais silenciosa. E o ruído corresponde ao aumento de velocidade
Por outro lado, e face a um peso do conjunto de 1.535 kg, não se podem esperar milagres quando o tema são as prestações: 11 segundos para alcançar 100 km/h e 170 km/h.
O preço, que arranca nos 28 mil euros (a versão ensaiada custa 33.900 euros), explicam a tecnologia aplicada na versão híbrida do C-HR, que depois é compensada pelos benefícios em ISV e na manutenção, uma vez que o sistema híbrido causa menos desgaste nas várias peças. Para quem ainda não se rendeu aos encantos dos híbridos tem sempre a alternativa do motor 1.2 a gasolina de 116cv, disponível a partir de 26 mil euros.
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