Ensaio ao Honda Jazz Crosstar. Armado em SUV

A mesma versatilidade e eficiência do Honda Jazz vestida como um SUV nesta versão Crosstar.

Luis Neves 21/09/2021 Testes

O conceito de utilitário “atrevido”, com altura ao solo elevada e apontamentos estilo SUV, tem vindo a ganhar força, como alternativa aos SUV compactos. Uma tendência que não deixou indiferente a Honda, que aproveitou todas as qualidades do Jazz para criar o Crosstar, um utilitário de "calças arregaçadas" capaz de desafiar os SUV compactos. 

No exterior, os detalhes remetem para o estilo SUV. Os frisos laterais em plástico reforçado que protegem a carroçaria dos (habituais) toques, eventuais pedradas ou perigos para quem se arrisca com carro por caminhos revoltos, conferem-lhe toda aquela imagem de robusto “jipezinho” de cidade.

Até a pintura cinza metalizada na zona inferior dos para-choques dianteiro e traseiro simula a existência de proteções específicas dos órgãos mecânicos que nos habituámos a ver nos SUV.

O Crosstar está especialmente projetado para acrescentar alguma versatilidade (e estilo...) ao Jazz, que se esgota, porém, numa maior confiança para subir e descer passeios ou para atalhar caminhos com outro à vontade por estradões de terra batida, desde que nada exigentes.

Por dentro 

De resto, é um Jazz como outro qualquer, com capacidade para transportar cinco pessoas e bagageira com 304 litros de capacidade (perde, contudo, 50 litros em relação ao anterior Jazz), que pode crescer até 1205 litros com o rebatimento dos encostos dos bancos traseiros.

Acrescenta-se um pequeno compartimento em alçapão que pode ser útil para guardar pequenos objetos. O Crosstar partilha o peculiar sistema de elevação dos assentos dos bancos traseiros do Jazz, para posição vertical, permitindo transportar objetos de maiores dimensões.

Veja ainda:

No interior, os bancos dianteiros diferem do Jazz, ao apresentarem um estofo mais denso, e nos posteriores o forro mais espesso 24 mm. A instrumentação é apresentada num ecrã digital de sete polegadas e o sistema de infoentretenimento conta com um monitor tátil de nove polegadas.

A tecnologia Honda Connect dispõe de funcionalidades como ponto de acesso Wi-Fi, compatibilidade com sistemas CarPlay e Android Auto ou reconhecimento de instruções por voz (como os Mercedes-Benz MBUX ou assistentes Alexa, Google e Siri).

Veja ainda:

A construção é rigorosa e o número de espaços de armazenamento impressiona, com dois enormes porta-luvas, um superior e outro inferior.

Só uma motorização híbrida

A mecânica e:HEV é uma verdadeira montra tecnológica. É composta por um motor a gasolina de 1,5 litros de 98 cv e dois motores elétricos – um deles de tração com 109 cv e um outro que funciona como gerador para alimentar o motor elétrico de tração com energia oriunda do motor de combustão.

Complicado?

A alimentação do sistema híbrido faz-se durante a condução, nas desacelerações e travagens – deslocando-se o punho da caixa de «D» para «B», melhora-se a capacidade de regeneração de energia, o que vai permitindo esticar os tempos de condução à vela. E assim, consumos na ordem dos 4 l/100 km, mesmo com uma condução fluida. Em autoestrada, onde a solução híbrida nem sempre é a melhor, a média sobe, mas não muito: 5 l/100 km.

O casamento entre todos os elementos mecânicos funciona bastante bem e permite condução fluida e sem esforço. Com carga de bateria suficiente (os ciclos de recarga são muito rápidos tanto para o motor a gasolina quanto nas fases de travagem e desaceleração), o Crosstar rola silenciosamente e eficientemente com o motor elétrico, e há muitos momentos que por centenas de metros consegue fazer isso mesmo em velocidades de autoestrada. 

Só é pena que nas acelerações mais fortes, o desempenho da caixa automática e-CVT de velocidade única pode tornar-se mais incómodo, pelo aumento de sonoridade que provoca ao motor térmico. É mais feitio que defeito, mas pode tornar-se incomodativo.

Em conclusão

Sim, o Crosstar acrescenta o estilo da moda ao Jazz. Contudo, há que elogiar o bom resultado estético do estilo aventureiro aplicado ao Jazz, modelo que convence pela condução fácil e poupada. A maior desvantagem é o preço elevado para um utilitário.

MAIS

  • Consumo
  • Habitabilidade
  • Equipamento

MENOS

  • Preço 
  • Bagageira
  • Ruído em aceleração

FICHA TÉCNICA

Honda Jazz Crosstar e:HEV Executive

Motor: 4 cilindros em linha, injeção direta, gasolina + motor elétrico 
Cilindrada: 1498 cm3
Potência: 109cv/5500 rpm
Binário máximo: 131 Nm/4500 rpm 
Tração: Dianteira
Caixa: automática CVT
Aceleração (0-100 km/h): 9,9 segundos
Velocidade máxima: 173 km/h
Consumo médio (anunciado): 4,8 l/100 km (WLTP)
Emissões de CO2: 110 g/km (WLTP)
Peso: 1253 kg
Preço unidade ensaiada: 33.225 euros (29.725 euros com Campanha de Financiamento)

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