Um estudo realizado por especialistas em energia do Instituto de Pesquisa Económico (Ifo), docentes de física da Universidade de Colónia e da Universidade de Munique, indica que os carros elétricos emitem mais CO2 que os carros a gasóleo mais recentes.
“Considerando o atual mix de energia na Alemanha e a quantidade de energia usada na produção de baterias, as emissões de CO2 dos carros elétricos são, na melhor das hipóteses, ligeiramente superiores às de um motor a diesel, e são muito maiores”, diz o estudo.
Os investigadores realizaram vários cálculos. Para isso usaram exemplos concretos: o mediático Tesla Model 3 frente a frente a um moderno carro a gasóleo, um Mercedes Classe C 220d. Além das emissões de CO2 da produção de baterias, foram analisadas as fontes de energia alternativas para a eletricidade, de modo a calcular o impacto dos veículos elétricos sobre as emissões de CO2.
O estudo, por exemplo, estima que conduzir um Tesla Model 3 na Alemanha é responsável por 156 a 181 gramas de CO2 por quilómetro, números superiores a um Mercedes C220d que produz apenas 141 gramas por quilómetro.
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Os autores do estudo criticaram ainda a legislação da UE por considerar os elétricos como “zero” emissões de CO2, esquecendo as emissões de CO2 geradas na sua produção como na produção de eletricidade que os alimenta.
Outras tecnologias ignoradas
Os autores também têm uma visão crítica da discussão sobre carros elétricos na Alemanha. Segundo eles a discussão gira em torno de veículos movidos a bateria quando outras tecnologias também oferecem grande potencial. Assim, os elétricos movidos a hidrogénio ou com motores de combustão movidos a metano verde, também devem ser considerados.
“A tecnologia de metano é ideal para a transição de veículos a gás natural com motores convencionais para motores que um dia funcionarão com metano a partir de fontes de energia livres de CO2. Sendo este o caso, o governo federal alemão deve tratar todas as tecnologias igualmente e promover também as soluções de hidrogénio e metano”, enfatizou Hans-Werner Sinn, professor jubilado da Universidade Ludwig Maximilian de Munique.
Este não é o primeiro estudo crítico dos Veículos Elétricos na Alemanha. A consultora automobilística alemã Berylls Strategy Advisors divulgou uma advertência similar. Foi em outubro do ano passado que referiu que os EVs não são os heróis ambientais como são considerados.
“Afinal, a produção de eletricidade – inclusivamente para carros elétricos – ainda é fortemente dependente de combustíveis fósseis em muitos países da UE. O meio ambiente não sabe se o dióxido de carbono vem do escape ou se é liberado quando o lignito é queimado para gerar eletricidade ou nas baterias com uso intensivo de energia”, disse o Dr. Jan Burgard, da Berylls em comunicado.
A Alemanha é atualmente o terceiro maior produtor de carros elétricos depois dos EUA e da China.
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