Mercedes Classe C português de 1995 superou os quase 7000 km do Maroc Challenge

C200 passou com distinção o teste, de acordo com o piloto amador, que é vendedor da Sociedade Comercial C. Santos.

C200 passou com distinção o teste, de acordo com o piloto amador, que é vendedor da Sociedade Comercial C. Santos.

O Mercedes-Benz Classe C de 1995 que Fernando Ventura levou ao Maroc Challenge regressou em pleno funcionamento à Sociedade Comercial C. Santos. Isto depois de quase 7000 km e 10 dias que levaram e trouxeram de volta o modelo à prova de todo-o-terreno que recria o Dakar dos anos 1970.

O Mercedes-Benz Classe C200 que Fernando Ventura (com Paulo Cunha, cliente da Sociedade Comercial C. Santos) levou à 21ª edição do Maroc Challenge, que decorreu de 22 a 30 de março, passou com distinção o teste, de acordo com o piloto amador, que é vendedor da Sociedade Comercial C. Santos.

“O automóvel esteve à altura e confiávamos que assim seria. Aquilo é um ‘relógio’. Tivemos algumas situações mecânicas, mas foi de material que partiu e não do carro não aguentar. O carro fez quase 7000 km em 10 dias e o nível do óleo não desceu, o sistema de refrigeração funcionou na perfeição, tudo impecável, numa viatura que tem quase tanto tempo
de idade como eu de ligação profissional à Sociedade Comercial C. Santos”
, explica Fernando Ventura, que integrou a equipa Penafiel Racing Fest, que levou um total de nove equipas com pilotos oriundos de vários pontos de Portugal.

Uma das mazelas foi o pára-choques da frente, que ficou logo na primeira etapa, entre Errachidia e Zagora, de onde saiu a primeira etapa. “Ia uma outra viatura à nossa frente que ficou ‘atascada’ num sítio com pouco visibilidade e nós, para não batermos nesse carro, fomos contra uma duna e o pára-choques caiu. Ainda tentámos colocá-lo ao sítio, mas já estava partido em vários pontos e não dava para segurar. Ficou por lá e fizemos o resto da prova sem o pára-choques”, conta o piloto.

Desafio físico, mental… e ganho de experiência

A prova foi um grande desafio físico para a equipa. “Já estávamos avisados para o rigor, mas não tínhamos noção de que seria tão duro como foi”. No entanto, no plano mental que reside “o maior desafio numa prova como o Maroc Challenge”.

Leia ainda: Novo Mercedes-Benz Classe E apresentado na Soc. Com. C. Santos

O plano desportivo não era o mais importante e a equipa conseguiu o mais importante, que foi levar o Mercedes-Benz Classe C de 1995 até ao fim da prova, embora com cronometragem oficiosamente, por uma questão de experiência da dupla. “Na segunda etapa (Zagora-Tata) tivemos alguns problemas mecânicos, não uma avaria, mas uma peça no eixo traseiro que quebrou, devido ao trajeto, e acabámos por não iniciar a terceira etapa ao cronómetro, o que nos impediu de continuar a contar para a classificação geral. Foi um erro de principiante da nossa parte, porque poderíamos ter entrado na prova e sair depois para efetuar a reparação e reintegrar a prova. Foi a inexperiência do nosso lado. No entanto, continuamos a acompanhar o pelotão e a fazer as etapas, cronometradas oficiosamente”, refere Fernando Ventura.

Não obstante, o desempenho desportivo destes rookies acabou por ser positivo. “Integrámos a categoria C2, que tinha 21 viaturas, e ficaríamos no top-10 à geral”. Feitas as “contas”, a participação no Maroc Challenge é, de acordo com o piloto, “uma história que fica para contar aos netos” e fica aberta a porta a um regresso de homem e máquina ao deserto marroquino. “Se me fizessem essa pergunta passados um ou dias de regressar, responderia que não. Mas, com o passar do tempo, confesso que já começo a pensar no cenário de ir a uma próxima edição, para tentar fazer melhor, tanto na preparação da viatura, como do nosso desempenho ao volante, porque houve decisões de inexperiência que nos permitiriam ter terminado a prova com melhor desempenho. Gostaria, também, de deixar uma palavra de apreço ao Penafiel Racing Fest por todo o apoio e camaradagem ao longo da prova”.

Entrevista completa a Fernando Ventura

Que balanço faz da participação no Maroc Challenge?

Foi uma experiência muito gratificante. Quanto mais tempo passa, mais recordo os momentos fantásticos que vivi. É uma experiência em tudo diferente das nossas rotinas, as pessoas, o ambiente, o espírito que existe entre os participantes é fantástico, já que conhecemos pessoas de diferentes nacionalidades, todas disponíveis para a entreajuda.

O Maroc Challenge foi muito mais difícil do que eu pensava, esperava uma prova mais fácil. Houve alturas em que o cansaço se sobrepunha ao prazer de fazer a prova. Mas depois vinha outro dia e uma nova prova na qual estávamos com garra. Tivemos alguns contratempos que, pelo que eu percebi, é quase impossível não existirem, mas conseguimos ultrapassá-los com maior ou menor dificuldade.

O plano desportivo não era o mais importante, mas como foi a prova nesse capítulo?

Na segunda etapa (Zagora-Tata) tivemos alguns problemas mecânicos, não uma avaria, mas uma peça no eixo traseiro que quebrou, devido ao trajeto, e acabámos por não iniciar a terceira etapa ao cronómetro, o que nos impediu continuar a contar para a classificação geral. Foi um erro de principiante da nossa parte, porque poderíamos ter entrado na prova e sair depois para efetuar a reparação e reintegrar a prova. Foi a inexperiência do nosso lado. No entanto, continuamos a acompanhar o pelotão e a fazer as etapas, cronometradas oficiosamente.

Em que ligar teriam ficado na vossa categoria, a C2?

Integrámos a categoria C2, que tinha 21 viaturas, e ficaríamos no top-10 à geral. Mas, como tomámos a opção, errada, de não partir oficialmente e levar depois o carro a reparar – que daria uma penalização curta –, mas inexperiência leva a isto… o cansaço também não ajudou, porque tínhamos chegado às 2h da manhã e às 6h já estávamos acordados.

Foi um grande desafio físico.

Sem dúvida que foi um grande desafio físico. Já estávamos avisados para o rigor, mas não tínhamos noção de que seria tão duro como foi a nível físico. Também do ponto de vista mental há uma “corrida”… Eu ia preparado para isso, se calhar foi ainda mais duro do que pensava, mas ia preparado. No entanto, pode dar-se o caso de haver pessoas em o cenário é diferente. Mas, lá está, o dia seguinte é outro dia e vai-se aguentando.

Como foi o desempenho do automóvel?

O automóvel esteve à altura e confiávamos que assim seria. Aquilo é um “relógio”. Tivemos algumas situações mecânicas, mas foi de material que partiu e não do carro não aguentar. O carro fez quase 7000 km em 10 dias e o nível do óleo não desceu, o sistema de refrigeração funcionou na perfeição, tudo impecável, numa viatura que tem quase tanto tempo de idade como eu de ligação profissional à Sociedade Comercial C. Santos.

Um longo trajeto, porque além das etapas cronometradas e de ligação em Marrocos, houve que levar a viatura de Paços de Ferreira (e de Penafiel, já que integrava a equipa Penafiel Racing Fest) até à partida. São mais de 1500 km. Para lá foi muito confortável, para cá, um pouco menos, porque o carro trazia algumas mazelas.

Uma das mazelas foi o pára-choques da frente, que ficou em Errachidia.

Foi logo na primeira etapa. Ia uma outra viatura à nossa frente que ficou ‘atascada’ num sítio com pouco visibilidade e nós, para não batermos nesse carro, fomos contra uma duna e o pára-choques caiu. Ainda tentámos colocá-lo ao sítio, mas já estava partido em vários pontos e não dava para segurar. Ficou por lá e fizemos o resto da prova sem o pára-choques

A participação no Maroc Challenge é uma história que fica.

É uma história que fica para contar aos netos. É duro, mas é muito gratificante. Recomendo a toda a gente que goste de automóveis e de aventura que o faça, porque é uma viagem inesquecível. E sendo uma aventura numa zona inóspita é um risco controlado, porque a organização é muito atenta. Está tudo muito organizado: tínhamos um aparelho de satélite onde podíamos pedir ajuda e facilmente chegavam à nossa localização. Aliás, houve uma altura em que nos perdemos e numa questão de minutos uma viatura da organização se aproximou de nós. Agora, claro que há zonas com riscos, mas é sempre um risco controlado.

É uma experiência a repetir?

Se me fizessem essa pergunta passados um ou dias de regressar, responderia que não. Mas, com o passar do tempo, confesso que já começo a pensar no cenário de ir a uma próxima edição, para tentar fazer melhor, tanto na preparação da viatura, como do nosso desempenho ao volante, porque houve decisões de inexperiência que nos permitiriam ter terminado a prova com melhor desempenho. Gostaria, também, de deixar uma palavra de apreço ao Penafiel Racing Fest por todo o apoio e camaradagem ao longo da prova.