Ensaio Hyundai Kauai 1.0 Turbo: Sair da casca…

A Hyundai pode ter chegado tarde ao segmento dos SUV compactos, mas fê-lo com justificadas ambições de fazer frente aos melhores. O Kauai 1.0 Turbo de 120cv é o ponta de lança nesta estratégia e revela argumentos para “acertar o passo” à concorrência

A Hyundai pode ter chegado tarde ao segmento dos SUV compactos, mas fê-lo com justificadas ambições de fazer frente aos melhores. O Kauai 1.0 Turbo de 120cv é o ponta de lança nesta estratégia e revela argumentos para “acertar o passo” à concorrência

Desde o Veloster que um Hyundai não fazia virar tantas cabeças à sua passagem. A diferença é que, no caso do desportivo compacto, os comentários nem sempre são abonatórios, já o Kauai merece, invariavelmente, um polegar levantado de aprovação. De facto, o pequeno SUV da Hyundai surpreende. Surpreende quem o vê passar, mas impressiona ainda mais quem o conduz.

Começa por seduzir pela forte personalidade e por uma qualidade geral acima da média. Depois, a posição de condução é boa, a caixa manual de seis velocidades manuseia-se sem problemas e as dimensões exteriores contidas permitem-lhe circular em todo o lado com grande desembaraço e maior descontração.

Desembaraço é também o que demonstra o “pequeno” 1.0 Turbo. Já não dá mesmo para julgar um motor pela cilindrada.

Do “alto” dos seus 998 cc, o três cilindros turbo dá conta de uma vivacidade contagiante e de uma linearidade na entrega de potência que faz inveja a muitos Diesel. Facto particularmente notável quando sabemos que o Kauai pesa uns “anafados” 1350 kg. Para secundar a genica dos 120 cv, temos um comportamento muito bom.

O Kauai mostra uma enorme facilidade de utilização em cidade, apesar das jantes de 18 polegadas (revestidas por pneus 235/45) prejudicarem um pouco o conforto. Em compensação, o comportamento dinâmico “chuta” a grande maioria dos SUV compactos para um canto.

Quanto a consumos, é fácil conseguirem-se médias de 6 litros aos cem (a até menos, como se pode ver na imagem acima, embora exija maiores cuidados), que podem subir para os 9 litros se quisermos ‘espremer’ tudo o que este 1.0 Turbo tem para oferecer.

Oferecido é também o Kauai no equipamento, “deixando” pouco espaço para equipamento opcional, pelo simples facto de praticamente tudo vir incluído de série, incluindo a câmara de marcha-atrás, o monitor tátil de 7 polegadas, com Android Auto e Carplay, ar condicionado automático e carregador de telemóvel por indução sem fios. Também as vistosas jantes de 18 polegadas (revestidas por pneus 235/45) e os vidros escurecidos são de série.

Entre o que é de série nesta versão, merece elogios o sistema de manutenção ativa da faixa de rodagem, que não deixa o carro chegar aos extremos da via, mantendo-o certinho no meio da faixa. Como não poderia deixar de ser, o tejadilho pode ser encomendado numa cor diferente do resto da carroçaria, produzindo vinte combinações diferentes, para quem não quiser ter um Kauai igual ao do vizinho.

Lá dentro, toda a disposição do “tablier” faz lembrar a do i30, com o grande ecrã táctil em evidência, embora continuando a ter botões de dimensões generosas à sua volta para os utilizadores que continuam a preferir os comandos… “à antiga”. Tudo é fácil de manusear e a montagem é insuspeita.

Espaço é algo que não falta, mesmo nos bancos traseiros e com um condutor de elevada estatura ao volante. A bagageira consegue engolir uns bons 361 litros, volumetria que praticamente triplica com o rebatimento dos encostos dos bancos posterior, movimento que pode ser efetuado de forma bipartida (40:60), originando plataforma de carga plana e desafogada.

Com uma estética interessante, cativante e até diferente, a que se junta um equipamento de série com praticamente tudo o que se pode desejar, o Kauai 1.0 Turbo custa 20.160 euros, um preço de ataque para ganhar terreno aos seus mais diretos adversários. O segmento dos SUV compactos cresce também nas ofertas de qualidade e o Hyundai Kauai é mais um exemplo.

Mais: Desenho, robustez, prazer de condução, equipamento
Menos: conforto; binário a baixa rotação

FICHA TÉCNICA

Motor – gasolina, 3 cilindros, injeção direta, turbo, intercooler

Cilindrada (cm3) – 998

Potência máxima (cv/rpm) – 120/6000

Binário máximo (Nm/rpm) – 172/1500-4000

Transmissão e direcção – dianteira, transmissão manual de 6 velocidades;

Aceleração 0-100 km/h (s) – 12,0s

Velocidade máxima (km/h) – 181 km/h

Consumos Extra-urb./urbano/misto (l/100 km) – 4,7/6,0/5,2

Emissões de CO2 (g/km) – 117

Peso (kg) – 1350

Capacidade da bagageira (l) – 361 / 1143 (c/ bancos traseiros rebatidos)

Preço base – 20.160 euros