O novo Clio já anda um pouco por todo o lado. Se ainda não reparou, é normal. O desenho não rompe drasticamente com o estilo da anterior geração, uma vez que a Renault optou por melhorar o conteúdo, com a adoção de uma nova plataforma, interiores melhorados, desde o desenho à tecnologia, passando pela qualidade de construção e a ergonomia. É como o ditado: quem vê caras, não vê corações.
Algo que assenta perfeitamente à unidade em ensaio, equipada com o motor 1.3 TCe de 130cv, um motor que surpreende desde logo pela capacidade de resposta, ao que não é alheio a caixa DCT de dupla embraiagem. Os dois fazem uma combinação que oferece momentos de condução que fazem lembrar o Clio RS, como tivermos oportunidade de constatar neste ensaio.
O motor de 4 cilindros de injeção direta a gasolina e turbo, debita 130cv, é uma agradável surpresa. Tem excelentes prestações e é pouco ruidoso, funcionando otimamente em toda a faixa de rotações sempre bem coadjuvado pela caixa automática de dupla embraiagem e sete velocidades, ainda que esta seja mais rápida e eficiente em altas.
Ativando-se o modo Sport, este motor de 130cv mostra uma personalidade dinâmica, que lembra o Clio RS, com uma resposta sempre pronta e uma sonoridade entusiasmante, bem acompanhada pela agilidade e estabilidade proporcionadas pelo chassis – completamente novo -, cujas suspensões têm amortecimento equilibrado – promovem a dinâmica sem afetar o conforto.
Como é ao volante?
O mesmo foi colocado à prova num curto e sinuoso percurso de pouco mais de um quilómetro, daquela que podemos considerar “rampa dos 0aos100”, a subida à Senhora da Paz (quem quiser saber onde fica, envie-nos um e-mail), onde mostrou demonstrou enorme precisão e um equilíbrio que coloca o Clio como uma das referências da classe.
O piso estava demasiado molhado e havia ramos um pouco por todo o lado devido ao mau tempo sentido nas últimas semanas, o que impediu tirar máximo proveito (leia-se: fazer tempos). Contudo, é de realçar o bom desempenho dinâmico, a resposta do motor e da transmissão, suficientemente rápida e com as patilhas perfeitamente colocadas, mesmo à mão. Até o ronco do escape ajuda ao entusiasmo…
A direção acompanha o conjunto, embora até pudesse ser mais precisa nas abordagens rápidas (e menos artificial), e os consumos são aceitáveis (em condução “animada”). É possível fazer médias de 6 litros, que sobem para os 7 ou 8 litros quando se extrai tudo o que o 1.3 TCe tem para dar.
Exterior refinado, interior melhorado
Sim, é verdade que passa despercebido no trânsito – só os mais atentos vão reparar que se trata do novo Clio -, até porque a nova geração mantém os elementos estéticos como os puxadores traseiros dissimulados, os farolins traseiros horizontais ou mesmo os traços identificativos das secções dianteira e posterior da carroçaria.
Contudo, todo o desenho do Clio foi profundamente retocado e a imagem está mais “madura”, diríamos até mais equilibrada, sem detalhes desenhados “à pressa” ou simplesmente para “cumprir”.
Estilo RS
A unidade ensaiada conta com o nível de equipamento RS Line, que substitui a anterior GT Line e aproxima o Clio do RS. Distingue-se pelas cores específicas, jantes de 16” (17” em opção), grelha em ninho de abelha, escape desportivo e difusor traseiro mais radical, sem esquecer as siglas RS Line espalhadas um pouco pela carroçaria.
Se visto por fora o Clio não surpreende, já o mesmo não acontece no interior, profundamente revisto no desenho, nos materiais utilizados e montagem. Os plásticos são todos macios, no tablier, painéis de portas e consola, permitindo-lhe rivalizar facilmente com o Mégane e assumir-se como dos melhores (se não o melhor) do segmento.
Além disto, o revestimento do pilar A em tecido, a consola mais elevada para montar uma alavanca da caixa mais curta e de aspeto desportivo, fazem igualmente a diferença, tal como o volante, que passa a ter o centro menos volumoso, o que resulta esteticamente mais apelativo.
Destaque ainda para a estreia de muito mais sofisticado sistema de infoentretenimento, agora exibido e controlado em mais moderno e amplo ecrã digital instalado no centro do tablier (de 7’’ a 9,3’’, este último em opção e com navegação integrada).
No monitor tátil controla-se a maioria das funcionalidades de bordo, desde a multimédia à navegação, e mesmo todas as configurações ligadas ao programa de modos de condução.
Quanto a espaço interior, este é mais que suficiente para um utilitário, até porque o novo Clio contraria a tendência de crescimento dos automóveis, uma vez que é 1,4 cm mais curto que o antecessor, além de ser ainda 3 cm mais baixo (com óbvias vantagens para o comportamento e estética), o que obrigará aos ocupantes a “negociar” o espaço com os vizinhos.
Quanto custa?
Sem opcionais, o Clio RS Line TCe 130 EDC tem preços a partir dos 24 mil euros, abaixo das versões dCi e pouco mais de 4 mil euros que o TCe 100, com a vantagem, em comparação com este, de ter caixa de dupla embraiagem.
Conclusão
Sem romper com o desenho do anterior Clio, a nova geração deu um salto em todos os capítulos, como a segurança, qualidade, multimédia, mecânica e plataforma. Está mais maduro, mais sólido e apresenta nesta versão RS Line 1.3 TCe de 130cv um carater verdadeiramente “RS”.
MAIS
- Motor
- Qualidade dos materiais
- Comportamento
- Insonorização
MENOS
- Pouca ousadia no desenho
- Acesso à bagageira
FICHA TÉCNICA
Renault Clio RS Line TCe 130 EDC
Motor: quatro cilindros, injeção direta, Turbo, Intercooler
Cilindrada: 1333 cm3
Potência: 130cv/5000 rpm
Binário máximo: 240 Nm/1600 rpm
Tração: Dianteira
Caixa: Automática (dupla embraiagem) de 7 velocidades
Aceleração (0-100 km/h): 9 segundos
Velocidade máxima: 200 km/h
Consumo médio: 5,7 l/100 km (anunciado)
Emissões de CO2: 130 g/km
Peso: 1233 kg
Preço: a partir de 24.000 euros (novo Clio tem preços a partir dos 17.790 euros)
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