‘Que carro é este?’, “Que marca é?”. Estas foram algumas das perguntas que escutamos durante os dias em que ensaiámos o Polestar 2, uma berlina elétrica da marca que a Volvo e a gigante chinesa Geely criaram para concorrer, por exemplo, com a Tesla.
Agora, a pergunta é: como definir este Polestar 2?
Certamente não é uma tarefa fácil. É uma berlina, mas ligeiramente elevada, com um certo estilo de SUV (tem 15,1 cm de distância ao solo e alargamentos da carroçaria), o que resulta muito bem ao vivo. Como, de resto, confirma os muitos olhares curiosos de quem com ele se cruzou.
O desenho não esconde a ligação com os modelos da Volvo, algo evidente na dianteira, onde salta claramente à vista as óticas com iluminação diurna em forma de “T”, em alusão ao martelo de Thor, que liga a Polestar à Volvo. Por outro lado, a elevada altura ao solo, a linha de cintura elevada e as enormes jantes de 19 polegadas conferem-lhe um certo “ar” SUV, o que lhe dá uma imagem robusta e que vai de encontro com as tendências de mercado, na preferência por modelos SUV.
Performance Pack, a opção mais potente
O Polestar 2 está disponível em 4 variantes, uma com bateria de 69 kWh e motor de 272 cv, e as restantes com uma bateria de 78 kWh, a começar com 299 cv da versão com um só motor e duas versões com dois motores, com, respetivamente, 421 e 476 cv. Testamos a versão mais desejada, de dois motores, com Performance Pack, ou seja, com os 476cv.
Com uma bateria de 78 kWh (identificada na lateral), esta versão, mais focada na performance, apresenta uma autonomia de 470 km para ciclo misto e 560 km para ciclo citadino, sendo fácil alcançar estes valores sem preocupações, isto é, sem estratégias restritivas, embora a velocidade máxima esteja fixada eletronicamente nos 205 km/h. É claro que o Polestar 2 pode chegar mais longe, se optarmos por uma das versões mais convencionais, sem dois motores elétricos, com a autonomia a superar os 650 km.
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Tudo é simples no funcionamento do Polestar 2. Não há botão de ligar ou desligar o “2” – logo que entramos está pronto a arrancar, sendo necessário apenas colocar a caixa em Drive e siga… -, não há modos de recuperação de energia através da travagem, ou modo B de regeneração mais acentuada. Apenas modo pedal único, que pode ser configurado no monitor central.
Como se sai em estrada?
O peso do conjunto é elevado, acima das duas toneladas (2.125 kg), mas não impede prestações impressionantes, que chegam a ser eletrizantes (sempre são cerca de 500cv, o que não é pouco…). Pena a ausência de opções de modos de condução, ficando uma melhor eficiência e economia dependente dos ímpetos do pé direito.
A condução é suave, com acelerações instantâneas e da tremenda rapidez das recuperações. É impressionante a força enviada às quatro rodas – sem sobressaltos –, capaz de empurrar esta berlina dos 0 aos 100 km/h em apenas 4,4 segundos.
A intensidade da condução está próxima da de um desportivo (como a grande maioria dos elétricos de alta performance) e os números confirmam-no, a que se junta o comportamento dinâmico eficaz, uma vez que o centro de gravidade está mais baixo devido à disposição da bateria e na quase equitativa distribuição das massas sobre os eixos.
A direção é suficientemente precisa, o chassis e as rodas respondem com acerto, sem perturbações. Também a travagem merece elogios, ao que não será alheio os componentes Brembo visíveis através das jantes de 20 polegadas.
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Em termos de consumo, é fácil alcançar valores de consumo que oscilam entre os 18 e os 20 kWh de gasto energético, num carro que homologa 19,4 kWh em ciclo WLTP e isso – recordemos – tem benefícios muito elevados. A autonomia real, por seu lado, ultrapassou os 400 quilómetros após as cargas que fizemos. É mais do que suficiente para o dia a dia, mas tenha em atenção que em viagens longas terá sempre de fazer uma paragem de alguns quantos minutos para chegar ao seu destino sem pressa.
A bateria pode ser carregada com uma tomada do tipo 2 CA (corrente alternada) ou através de uma tomada CCS CC (corrente contínua). Numa tomada caseira, o carregamento da bateria demora 36 a 40 horas, o que não é nada prático. Já numa ligação CA com uma wall-box adaptada precisa de esperar 8 a 12 horas. Num posto rápido, o carregamento de 10 a 80% pode ser feito em 35 a 40 minutos.
Conclusão
É um carro elétrico divertido de conduzir, com elevado desempenho e autonomia considerável. Tem todos os ingredientes para enfrentar qualquer marca e modelo. Desenho atrativo, interior descontraído e abraça a tecnologia elétrica como selo de identidade. Os preços começam nos 52.400 euros para as versões “simples”, com a versão Performance Pack a exigir 65.900 euros. Sem dúvida uma opção muito, mas muito interessante.
O MAIS:
- Estilo
- Dinâmica
- Performance
O MENOS:
- Alguns detalhes de ergonomia
- Lugares traseiros
- Consumo de energia
Polestar 2 Dual Motor Performance Pack
Motor: elétrico
Bateria: 78Kw
Potência: 476cv (com mais de 70% da bateria)
Binário máximo (Nm): 660 Nm
Tração: Integral
Caixa: automática de relação única
Aceleração (0-100 km/h): 4,4 segundos
Velocidade máxima: 205 km/h
Consumo de energia (WLTP): 19.4 kWh/100 km
Capacidade de carga: CC até 11 kW/CC até 155 kW
Autonomia: 482 km (especificação 2022/23)
Peso: 2.490 kg
Preço da versão base: 53.400 euros
Preço unidade ensaiada: 66.900 euros