Ensaio ao Nissan Qashqai 1.2 DIG-T N-Connecta: Porque não a gasolina?

Os atletas de meio-fundo são aqueles que não são sprinters nem maratonistas. É como este Qashqai, que corre muito bem para quem tem um singelo coração 1.2 DIG-T

Os atletas de meio-fundo são aqueles que não são sprinters nem maratonistas. É como este Qashqai, que corre muito bem para quem tem um singelo coração 1.2 DIG-T

Diga lá: se não estivesse escrito no topo da página, teria sido capaz de adivinhar que este é um Qashqai com motor 1.2 a gasolina? Seria difícil, até porque não há nada no exterior deste Qashqai que identifique a motorização 1.2 DIG-T. Uma opção que começa a ganhar (muita) força, especialmente para aqueles que querem um carro a longo prazo e começam a temer pelo futuro do gasóleo e mesmo para quem faz contas e sabe quantos quilómetros precisa de percorrer para rentabilizar a compra.

Embora pequeno, este motor 1.2 em momento algum se confirma o espectro da sub-motorização. Em tudo o 1.2 DIG-T comporta-se como o 1.5 dCi, até porque tem mais 5cv: a frio parece que se esqueceu do turbo em casa (por uma questão de autoproteção, naturalmente) e abaixo das 1700 rpm é manso como um cordeiro. Assim que o binário toca o regime certo e o pequeno turbo intervém, desperta um pequeno lobo que se revela surpreendentemente vigoroso até perto das 4000 rpm.

Isto tem reflexo em prestações acima de razoáveis: gasta menos 1,3 segundos na aceleração dos 0 aos 100 km/h (10,6 segundos versus os 11,9 segundos do 1.5 dCi). Sem surpresa. Na verdade, o Qashqai 1.2 DIG-T pesa menos 48 kg que o 1.5 dCi. Recupera pior, é claro, e não tem a alma do 1.5 dCi, mas é solícito, suave e muito silencioso, o que beneficia o ambiente a bordo.

Perde também nos consumos, obviamente, mas não tanto como seria de esperar. Conseguimos facilmente médias na ordem dos 5,5/6 litros, que podem subir aos 7 litros em condução mais “agressiva”, uma diferença que não é assim muito superior ao que é conseguido no 1.5 dCi. O maior problema é mesmo o preço que custa o litro da gasolina comparativamente ao litro do gasóleo, mais barato (já foi mais…).

De resto, o Qashqai continua igual a si próprio: fácil de conduzir, espaçoso e recheado de equipamento. Tem a posição de condução alta de que tanto gostam os apreciadores de SUV e facilmente ajustável, enquadrando-se com a harmonia de todo o habitáculo. A colocação dos comandos na consola respeita a separação de funções, com todos os botões a serem facilmente identificáveis e manuseáveis. O painel de instrumentos é um exemplo de facilidade de leitura, incluindo o computador de bordo situado ao centro dos dois mostradores principais.

Os materiais usados evidenciam uma boa montagem, pela ausência de ruídos parasitas. Mas são todos duros, apesar do aspecto razoável, graças a um acabamento sem brilhos. O espaço é suficiente para quatro pessoas: largura generosa à frente, bom atrás, tanto em altura como para as pernas.

No que diz respeito a arrumação no interior, muito espaços, ainda que pequenos, uma excelente caixa sob o apoio de braços (com entradas de 12 v, USB de AUX) e um bom porta luvas.

A bagageira tem 401 litros de capacidade com pneu suplente (e dá jeito num automóvel deste estilo) e vai até aos 1598 com os bancos rebatidos. Tem duas placas que cobrem o fundo falso e que permitem variar as soluções de transporte de carga.

A versão ensaiada, N-Connecta, conta, de série, com travão de mão elétrico, sensores de luz e chuva, faróis LED diurnos, ar condicionado automático, retrovisores rebatíveis, com ecrã tátil de 7 polegadas, navegação, sistema de câmaras de 360 graus, chave inteligente, e jantes de 18 polegadas.

Esta versão N-Connecta tem um preço de 29.150 euros (a versão Acenta está disponível por 26.150 euros), a que se tem de subtrair 3.000 euros do desconto que a Nissan está a promover desde o início do ano para o Qashqai N-Connecta (1.500 euros no Tekna, por exemplo). Em caso de retoma são mais 1.000 euros de desconto, que facilmente pode descer o valor a algo como 25.150 euros. São cerca de 3.000 euros menos que o Qashqai 1.5 dCi equivalente, algo que dá para muita gasolinaÉ uma questão de fazer contas… e pensar no futuro, numa altura em que os Diesel parecem ter os dias contados.

MAIS:

Motor suave

Consumos

Relação preço/equipamento

MENOS:

Caixa longa

Ecrã e grafismo do sistema de infoentretenimento

FICHA TÉCNICA

Nissan Qashqai 1.2 DIG-T N-Connecta

Motor: 1197 cc, turbo, injeção direta

Potência: 115 cv/4500 rpm

Binário máximo: 190 Nm/2000 rpm

Transmissão: caixa manual de 6 velocidades

Aceleração 0-100: 10,6 s

Velocidade máxima: 185 km/h

Consumos: média –  5,6 litros/100: estrada – 5,1; urbano – 6,6

Emissões CO2: 129 g/km

Bagageira: 401 litros (com roda suplente)/ 1598 litros (bancos rebatidos)

Preço: 29.150 euros