Sim, podemos dizer que este é o Classe E elétrico, ou pelo menos, equivalente, mas também podemos assumir (e quase garantir…) que é um EQS em formato “equilibrado”, ou seja, toda a tecnologia, qualidades e requinte do EQS, mas em formato “perfeito” para ser desfrutado ao volante.
O EQS começa desde logo por impressionar pela forte presença que ostenta, destacando-se pelo desenho elegante, sem deixar de ter um certo ar dinâmico. Até parece uma “flecha de prata”.
As formas arredondadas definem a carroçaria e com superfícies limpas que se afastam de qualquer indício de “estridência”. Destaca-se também pelos ombros musculados, saliências muito curtas ou portas sem moldura. Em geral, apresenta-se elegante e atlético.
A maior curiosidade (a nosso ver) da silhueta encontra-se na traseira. A maioria dos modelos apresentam geralmente um terceiro volume distinto, mas o EQE tem uma linha de tejadilho que desce suavemente até ao extremo da tampa da bagageira, conferindo-lhe uma aparência diferente de uma berlina convencional. Uma solução que beneficia, naturalmente, a aerodinâmica.
A Mercedes implementou mais alguns recursos em busca dessa fluidez no fluxo de ar quando o veículo está em funcionamento, sabendo que é um elemento fundamental para alcançar uma boa autonomia. Com esse objetivo de eficiência, as maçanetas das portas ficam alinhadas com a carroçaria e algumas das jantes, que variam de 19 a 21 polegadas, possuem capas plásticas exclusivas.
Com 4,95 m de comprimento, 1,96 m de largura e 1,51 m de altura, o EQE tem praticamente as mesmas dimensões que o Classe E – é 1 cm mais comprido, 7 cm mais largo e 5 cm mais alto. Por outro lado, é 27 centímetros mais curto que o EQS.
A distância entre eixos é longa: 3.120 mm. Na verdade, parece que o eixo traseiro foi puxado atrás. E atrás não há portão, como a silhueta de dois volumes e meio poderia sugerir, e há uma tampa que não oferece uma enorme abertura de carga para a bagageira, que oferece 430 litros (menos 180 litros que o EQS).
No interior, o ambiente é aconchegante, espaçoso e, acima de tudo, luxuoso. O EQE impressiona tanto pela apresentação moderna e tecnológica, onde salta à vista toda a digitalização do painel – ecrãs com 10,25’’ e 10,1’’ para instrumentação e sistema multimédia, respetivamente –, como pela qualidade da generalidade dos materiais e da montagem.
A unidade testada não contava com o sistema MBUX Hyperscreen, que aumenta para três o número de ecrãs que, com 1,41 m de comprimento, disponível apenas como opção.
O ecrã do painel de instrumentos digital de 12,3 polegadas tem uma qualidade de imagem impressionante e permite diversas opções de personalização. Os bancos traseiros desfrutam de muito espaço longitudinal, mas não brilham em altura
No centro está um enorme ecrã de 17,7 polegadas. É bastante fácil de usar, considerando a infinidade de recursos que possui e desfruta de atualizações Over-the-Air (OTA) e, claro, compatibilidade com Android Auto e Apple Carplay. O Navigation com Electric Intelligence planeia um percurso dinâmico incluindo paragens para recarregar a bateria e cálculo dos custos esperados de carregamento em cada paragem.
A construção, de resto, é exímia e rigorosa atenção ao detalhe – atente-se, por exemplo, na suavidade de acionamento dos vidros elétricos, praticamente inaudível, ou no toque de todos os revestimentos.
O sistema elétrico do EQE
O EQE 350+ é a opção de acesso à gama e também a escolha mais racional. Com 215 kW (292cv) de potência e 656 Nm de binário, o desempenho impressiona, mas também é a versão que pode fazer mais quilómetros com uma só carga: anuncia 648 km de autonomia no ciclo WLTP.
A autonomia é resultado de um incrível coeficiente aerodinâmico de apenas 0,22 e uma bateria de iões de lítio com capacidade útil de 90,56 kWh (96,12 kWh brutos). A bateria, composta por 10 módulos, pesa um total de 557 kg e utiliza níquel, cobalto e manganês na proporção de 8:1:1.
Como se carrega o EQE 350+?
A Mercedes garante a durabilidade da bateria de alta tensão por dez anos ou uma quilometragem de 250.000 quilómetros. O carregador de bordo tem uma potência de carregamento de até 170 kW, o que significa que em apenas 15 minutos pode ganhar até 250 quilómetros de autonomia.
Já a carregar 11kW demora 8h25m a “encher” a bateria, que desce para 4h17m caso carregue a 22 Kw, subindo para as 12h50m a carregar em casa (Wallbox) ou mais de 24 horas no caso de uma tomada doméstica simples.
‘Como peixe na água’
Quanto ao chassis, podemos resumir o resultado com as palavras “suavidade”, “conforto”, “agilidade” e “parece que aguenta praticamente tudo sem reclamar”. Em parte, é entendido por uma questão puramente física: falamos de um carro com uma largura impressionante, uma agilidade imprópria para as suas dimensões e um centro de gravidade muito baixo (devido à posição das baterias).
Motor e ligações ao solo são de extrema suavidade, com uma perceção de quase total ausência de atrito e de ruído, que muito contribui para a serenidade e refinamento dinâmico. A direção tanto é ligeira como ganha a necessária progressividade, num conjunto que não tendo nascido para aspirações dinâmicas, permite que a condução se torne suficientemente fluida em ritmos mais rápidos.
E o motor elétrico de 299cv permite acelerações lestas e impressionantes retomas de velocidade, na companhia de consumos relativamente contidos: não é complicado aferir médias em torno dos 14 kWh/100 km, com máximos de 20 kWh/100 km em autoestrada, com ar condicionado ligado.
O condutor tem ao dispor três modos de condução (Eco, Normal e Sport) geridos na haste colocada no topo direito do painel de instrumentos. As principais diferenças entre si estão na reação do motor ao acelerador. Atrás do volante também encontramos as patilhas, não para passagem das relações da caixa, mas para regular o nível de retenção da energia nas desacelerações e travagens, funcionando quase como uma solução de travagem “à mão”. Por exemplo, quando nos aproximamos de uma rotunda aumentamos a regeneração, algo que vai fazer não só travar o EQE como ainda ganhar carga para a bateria. Um truque que facilmente se torna um hábito na condução, especialmente no EQE, como pudemos confirmar ao longo do ensaio proporcionado pela Sociedade Comercial C. Santos.
De referir que a aceleração dos 0 aos 100 km/h cumpre-se em 6,4 segundos. Já a velocidade máxima está limitada aos 210 km/h.
Opinião 0aos100
O EQE é um modelo que roça a “perfeição”. É um EQS, mas com um tamanho mais assertivo e um preço mais contido. Está à venda a partir de 76.000 euros e tem como alvo tanto um público interessado em tecnologia e sustentabilidade quanto empresas que desejam uma frota eletrificada.
MAIS
- Estilo
- Autonomia
- Conforto e silêncio a bordo
MENOS
- Tamanho da bagageira
- Altura nos lugares traseiros
FICHA TÉCNICA
Mercedes EQE 350+
Motor: elétrico
Potência: 292cv
Binário máximo: 565 Nm
Bateria: 90,56 kWh (capacidade de energia útil)
Tração: Traseira
Caixa: automática de relação única
Aceleração (0-100 km/h): 6,4 segundos
Velocidade máxima: 210 km/h
Consumo médio (anunciado): 15,9 kWh/100 km (WLTP)
Autonomia máxima: 654 km (WLTP)
Peso: 2280 kg
Capacidade da bagageira: 430 litros
Preço unidade ensaiada: 79.650 euros (a partir de 74.650 euros)
Nota: a versão ensaiada deixou de estar disponível, substituída pela versão 350, com bateria de 80 kWh (639 km de autonomia).
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