Ensaio ao Hyundai Kauai 1.0 TGDi N-Line. Quando a irreverência enche (ainda mais) as medidas

Sem querer dar demasiado nas vistas, o Kauai “N Line” veste um fato claramente mais desportivo do que o das versões mais vulgares (sem chegar ao extremismo do Kauai N – sim, o de 280cv)

Sem querer dar demasiado nas vistas, o Kauai “N Line” veste um fato claramente mais desportivo do que o das versões mais vulgares (sem chegar ao extremismo do Kauai N – sim, o de 280cv)

É fácil perceber que este não é um Kauai qualquer. É um Kauai “N Line” (não, não é o Kauai N de 280cv…), uma versão para quem gosta de impacto visual desportivo, mas dispensa as ‘verdadeiras’ prestações desportivas, ou então prefere motorizações mais económicas sem dispensar um certo aparato de imagem. Ou simplesmente não tem orçamento para comprar um desportivo (ou manter os consumos de um desportivo…).

A versão “N Line” surgiu com a última atualização ao SUV compacto, com o objetivo de reforçar a identidade de um SUV compacto que já se demarcava da restante paisagem automóvel por um estilo apelativo e qualidade, que cresceu a olhos vistos na atualização.

A maior diferença dos “N Line” encontra-se, precisamente, na estética, com uma imagem vincadamente desportiva, nomeadamente detalhes como o para-choques dianteiro e traseiro (com um enorme difusor de ar), cavas das rodas na mesma cor da carroçaria, jantes de 18 polegadas exclusivas e uma saída de escape (dupla) com acabamento cromado. Não é um puro “N”, mas engana bem…

O estilo exterior estende-se ao interior, com uma combinação de cores exclusiva, revestimentos específicos, pedais metalizados, costuras de cor vermelha e a presença do logótipo “N” no manípulo da caixa de velocidades, no volante e nos bancos desportivos.

De serie é ainda o painel de instrumentos digital de 10,25 polegadas, o ecrã tátil multimédia de 8 polegadas (permite integração de smartphone Apple CarPlay e Android Auto sem fios) e a câmara de auxilio ao estacionamento traseiro (e sensores traseiros).

Motor 1.0 de 120cv

Proposto com uma ampla oferta de motorizações, que vão da gasolina ao diesel, do híbrido ao elétrico, a versão que tivemos oportunidade de avaliar, neste ensaio, recorria, contudo, à motorização mais acessível, a gasolina: o 1.0 TGDi de 120cv, que sobressai pelo baixo ruído e a suavidade de funcionamento.

A relação com a estrada é fluída e o motor “mil” esconde bem as suas dimensões compactas e progride sem grande esforço, embora as retomas de velocidade sejam algo tímidas, especialmente em situações mais exigentes.

A capacidade de aceleração (11,5 segundos até 100 km/h) e os registos das recuperações estão de acordo com o tipo de rendimento (172 Nm a partir das 1500 rpm), ao mesmo tempo que a elasticidade da mecânica não desilude, com as devidas ressalvas. O curso do seletor está bem ajustado (nada longo) e o engrenamento revela precisão, a par do escalonamento mais alongado da última relação, exatamente para a moderação do consumo. Sem quaisquer preocupações ou táticas de condução ecológica, é possível alcançar valores entre 5,8 e 6,2 l/100 km.

Dinâmica apurada

Em estrada, as reações da suspensão são confortáveis, sem deterioração em mau piso, embora aí com atitudes mais secas, o que é natural atendendo ao baixo relevo dos pneus – a atualização trouxe alterações na suspensão, modificando molas, amortecedores e as barras estabilizadoras.

O comportamento, de resto, é excelente, quer a curvar, quer nas travagens fortes, sem inclinação exagerada da carroçaria, e isto apesar do formato SUV. Oferece confiança, independente das condições da estrada.

A resposta da direção também merece elogios, pela precisão e a leveza da assistência (elétrica). A condução é, assim, muito fácil (e suave), sendo auxiliada pelas dimensões e formato compacto do Kauai, em simultâneo com a ótima posição ao volante, ligeiramente sobreelevada, como se pretende de um SUV.

Espaço e organização interior

No interior, tudo está bem organizado e o espaço é generoso (superior a outros modelos do segmento, por exemplo), cumprindo facilmente as exigências familiares. O espaço atrás e a capacidade da bagageira (352 litros ou 1156 litros com os bancos da segunda fila rebatidos) não são uma referência, mas chegam para as “encomendas”.

Com a imagem e as proporções mais apreciadas da atualidade, o rigor de construção já habitual na Hyundai e com habitáculo que convence igualmente pela apresentação, com um desenho moderno e acabamentos irrepreensíveis, o Kauai ganha nesta versão “N Line” um estilo ainda mais dinâmico. E o mil a gasolina, como motor de acesso à gama, não compromete em nada. Muito pelo contrário.

Ah, e o preço! O Kauai 1.0 TGDi de 120cv “N Line” custa pouco mais de 25 mil euros. Um preço atrativo em comparação com alguns concorrentes, que custam cerca de 30 mil euros. Outra vantagem são os sete anos de garantia geral e igual período de assistência em viagem.

MAIS

  • Visual
  • Condução
  • Equipamento

MENOS

  • Alguns Plásticos 
  • Bagageira

FICHA TÉCNICA

Hyundai Kauai 1.0 TGDi N-Line

Motor: 4 cilindros em linha, injeção direta, gasolina 
Cilindrada: 998 cm3
Potência: 120cv/6000 rpm
Binário máximo: 172 Nm/1500 rpm 
Tração: Dianteira
Caixa: Manual de 6 velocidades
Aceleração (0-100 km/h): 11,5 segundos
Velocidade máxima: 181 km/h
Consumo médio (anunciado): 6 l/100 km (WLTP)
Emissões de CO2: 136 g/km (WLTP)
Peso: 1312 kg
Preço unidade ensaiada: 25.390 euros (a partir de 23.900 euros)