Ensaio ao Honda Jazz Crosstar. Armado em SUV

A mesma versatilidade e eficiência do Honda Jazz vestida como um SUV nesta versão Crosstar.

A mesma versatilidade e eficiência do Honda Jazz vestida como um SUV nesta versão Crosstar.

O conceito de utilitário “atrevido”, com altura ao solo elevada e apontamentos estilo SUV, tem vindo a ganhar força, como alternativa aos SUV compactos. Uma tendência que não deixou indiferente a Honda, que aproveitou todas as qualidades do Jazz para criar o Crosstar, um utilitário de “calças arregaçadas” capaz de desafiar os SUV compactos. 

No exterior, os detalhes remetem para o estilo SUV. Os frisos laterais em plástico reforçado que protegem a carroçaria dos (habituais) toques, eventuais pedradas ou perigos para quem se arrisca com carro por caminhos revoltos, conferem-lhe toda aquela imagem de robusto “jipezinho” de cidade.

Até a pintura cinza metalizada na zona inferior dos para-choques dianteiro e traseiro simula a existência de proteções específicas dos órgãos mecânicos que nos habituámos a ver nos SUV.

O Crosstar está especialmente projetado para acrescentar alguma versatilidade (e estilo…) ao Jazz, que se esgota, porém, numa maior confiança para subir e descer passeios ou para atalhar caminhos com outro à vontade por estradões de terra batida, desde que nada exigentes.

Por dentro 

De resto, é um Jazz como outro qualquer, com capacidade para transportar cinco pessoas e bagageira com 304 litros de capacidade (perde, contudo, 50 litros em relação ao anterior Jazz), que pode crescer até 1205 litros com o rebatimento dos encostos dos bancos traseiros.

Acrescenta-se um pequeno compartimento em alçapão que pode ser útil para guardar pequenos objetos. O Crosstar partilha o peculiar sistema de elevação dos assentos dos bancos traseiros do Jazz, para posição vertical, permitindo transportar objetos de maiores dimensões.

No interior, os bancos dianteiros diferem do Jazz, ao apresentarem um estofo mais denso, e nos posteriores o forro mais espesso 24 mm. A instrumentação é apresentada num ecrã digital de sete polegadas e o sistema de infoentretenimento conta com um monitor tátil de nove polegadas.

A tecnologia Honda Connect dispõe de funcionalidades como ponto de acesso Wi-Fi, compatibilidade com sistemas CarPlay e Android Auto ou reconhecimento de instruções por voz (como os Mercedes-Benz MBUX ou assistentes Alexa, Google e Siri).

A construção é rigorosa e o número de espaços de armazenamento impressiona, com dois enormes porta-luvas, um superior e outro inferior.

Só uma motorização híbrida

A mecânica e:HEV é uma verdadeira montra tecnológica. É composta por um motor a gasolina de 1,5 litros de 98 cv e dois motores elétricos – um deles de tração com 109 cv e um outro que funciona como gerador para alimentar o motor elétrico de tração com energia oriunda do motor de combustão.

Complicado?

A alimentação do sistema híbrido faz-se durante a condução, nas desacelerações e travagens – deslocando-se o punho da caixa de «D» para «B», melhora-se a capacidade de regeneração de energia, o que vai permitindo esticar os tempos de condução à vela. E assim, consumos na ordem dos 4 l/100 km, mesmo com uma condução fluida. Em autoestrada, onde a solução híbrida nem sempre é a melhor, a média sobe, mas não muito: 5 l/100 km.

O casamento entre todos os elementos mecânicos funciona bastante bem e permite condução fluida e sem esforço. Com carga de bateria suficiente (os ciclos de recarga são muito rápidos tanto para o motor a gasolina quanto nas fases de travagem e desaceleração), o Crosstar rola silenciosamente e eficientemente com o motor elétrico, e há muitos momentos que por centenas de metros consegue fazer isso mesmo em velocidades de autoestrada. 

Só é pena que nas acelerações mais fortes, o desempenho da caixa automática e-CVT de velocidade única pode tornar-se mais incómodo, pelo aumento de sonoridade que provoca ao motor térmico. É mais feitio que defeito, mas pode tornar-se incomodativo.

Em conclusão

Sim, o Crosstar acrescenta o estilo da moda ao Jazz. Contudo, há que elogiar o bom resultado estético do estilo aventureiro aplicado ao Jazz, modelo que convence pela condução fácil e poupada. A maior desvantagem é o preço elevado para um utilitário.

MAIS

  • Consumo
  • Habitabilidade
  • Equipamento

MENOS

  • Preço 
  • Bagageira
  • Ruído em aceleração

FICHA TÉCNICA

Honda Jazz Crosstar e:HEV Executive

Motor: 4 cilindros em linha, injeção direta, gasolina + motor elétrico 
Cilindrada: 1498 cm3
Potência: 109cv/5500 rpm
Binário máximo: 131 Nm/4500 rpm 
Tração: Dianteira
Caixa: automática CVT
Aceleração (0-100 km/h): 9,9 segundos
Velocidade máxima: 173 km/h
Consumo médio (anunciado): 4,8 l/100 km (WLTP)
Emissões de CO2: 110 g/km (WLTP)
Peso: 1253 kg
Preço unidade ensaiada: 33.225 euros (29.725 euros com Campanha de Financiamento)